CINEMA DE QUINTA – Fukushima – Ameaça Nuclear (2020)
Fukushima – Ameaça Nuclear (Fukushima 50 – Japão – 2020) Direção: Setsurô Wakamatsu
Baseado no livro “On the Brink: The Inside Story of Fukushima Daiichi”, escrito por Ryusho Kadota, conta a história do colapso da usina de Fukushima.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de epicentro no Oceano Pacífico na costa japonesa, de magnitude de 8,9 – até então o 7º maior da história -, teve consequências desastrosas para o país, ocasionando um enorme tsunami, que atingiu a usina nuclear de Fukushima, na costa nordeste do Japão, causando diversos danos à instalação, entre eles, o derretimento de três dos seus seis reatores. O gravíssimo acidente resultou na liberação significativa de material radioativo na região, levando à evacuação de mais 170 mil pessoas, e configurando o segundo maior desastre nuclear da história, atrás apenas do ocorrido na cidade de Chernobyl, em 1986.
Em Fukushima: Ameaça Nuclear, o diretor Setsurô Wakamatsu revisita este trágico evento pelo olhar daqueles que estiveram em seu epicentro: os funcionários da usina, um grupo de engenheiros (que ficaram conhecidos como “Os 50 de Fukushima”) que lutou incansável e desesperadamente na tentativa de evitar que o vazamento nuclear provocado pelo acidente alcançasse proporções catastróficas, alastrando-se por todo o país.
O abalo provocou ondas de mais de 10m de altura, passando por mais de 10km de distância no Japão. Foram quase 16.000 pessoas mortas e mais de 2.500 desaparecidas após o tsunami. Não apenas isso, mas o país inteiro do Japão sofreu danos longevos, incluindo mais de 4 milhões de pessoas que ficaram sem energia e duas usinas nucleares que correram alto risco de explodir, causando danos no planeta inteiro – e é sobre isso que trata o filme.
Os personagens parecem sempre lineares, não havendo grandes dramatizações, no entanto, longa propõe um instigante exercício de descolonização do nosso olhar viciado nas repetitivas fórmulas dos filmes-catástrofe tão difundidas pelo cinema norte-americano.
O longa fala sobre sacrifícios, um item muito presente na cultura japonesa, e questões como o nacionalismo, a honra, a família, respeito aos mais velhos, bem como a valorização da juventude. Em certo momento os jovens são proibidos e dispensados de ir nas missões perigosas.
Vale muito pelo valor documental e histórico, bem produzido e com boas atuações, destaque para Ken Watanabe – conhecido por atuar em produções hollywoodianas com “O Ultimo Samurai”, “A Origem”, “Batman Begins” e outros.