CRÍTICA – Blonde/2022

MERILYN – UM MITO DA CULTURA POP

Com a chegada da temporada dos filmes que disputam uma vaga na concorridíssima nomeação do Oscar 2023, traremos toda semana críticas dos potenciais candidatos na tão acirrada corrida. Nosso primeiro candidato é Blonde inspirado na vida da diva Merilyn Monroe

Blonde (Blonde – EUA/2022) – Direção: Andrew Dominik

Roteiro: Andrew Dominik (baseado em romance de Joyce Carol Oates)
Elenco: Ana de Armas, Lily Fisher, Adrien Brody, Bobby Cannavale, Xavier Samuel, Julianne Nicholson, Evan Williams, Toby Huss, David Warshofsky, Caspar Phillipson, Dan Butler, Sara Paxton, Rebecca Wisocky, Tygh Runyan, Michael Drayer, Ryan Vincent, Patrick Brennan, Eric Matheny, Lucy DeVito, Scoot McNairy, Ravil Isyanov, Catherine Dent, Michael Masini, Chris Lemmon, Ned Bellamy, Haley Webb, Eden Riegel

Gênero: Biografia/Drama

Duração: 166 min.

Blonde traz a abordagem de um mito da cultura pop Merilyn Monroe – baseada no festejado livro homônimo da escritora americana Joyce Carol Oates, publicado em 2017, que é classificado como romance, não uma biografia no sentido tradicional da palavra. É bom ter isso em mente.

O longa é o retrato de uma mulher frágil que nunca fez as pazes com o passado, perseguida pelos fantasmas  da infância que sofre com a ausência do pai, que nunca chegou a conhecer, e com a da doença mental da mãe.

Levada ao orfanato logo cedo, por causa de uma tragédia, ao conhecer o mundo artístico, ela personifica o ideal da estrela ascendente, que atinge o topo, mas acaba sendo engolida e se torna refém entre a ficção e a realidade.

Blonde é uma obra forte, polêmica, pesada, melancólica, dura de assistir e impossível de não ser tocado, para o bem ou para o mal. E é esse mesmo o objetivo da obra.

Trata-se de uma história de abandono, abuso, violência e morte de Norma Jeane (verdadeiro nome de Monroe).

O filme não é sobre Marilyn, mas é fundamentalmente sobre Norma, enfatizando a separação entre a mulher e a imagem pública que a projetou como símbolo sexual consolidado no imaginário dos amantes do cinema.

A crítica de Blonde gerou controvérsia, sobre ser desrespeitosa com o mito, inverdades em sua biografia, exploração do sofrimento da atriz e sobre sexualizar demais Marilyn, neste aspecto, eu penso diferente, o longa expõe a visão sexista com que as mulheres eram vistas e ainda o é pela indústria cinematográfica.

Ana de Armas tem um trabalho esplendoroso e emocionalmente sensível, com a maestria de mimetizar os gestos de Marilyn Monroe e atingir uma semelhança física espantosa e assertiva.

É realmente um filme polêmico e controverso, talvez longo demais, mas vale muito um olhar atento ao conteúdo desta obra dolorosa e intensa, que traz várias leituras possíveis. 

⭐️⭐️⭐️⭐️  

Por Ana Lopes

Jornalista