CRÍTICA – Deixe-o Partir

Deixe-o Partir (Let Him Go / 2020) | EUA | Direção: Thomas Bezucha

Baseado na obra de Larry Watson, roteirizado e dirigido pelo cineasta Thomas Bezucha a trama é ambientada na década de 50. O casal Blackledge Margaret (Diane Lane) e George (Kevin Costner)  vivem uma rotina simples e de muito amor e carinho, em Montana onde vivem, com o filho, a nora Lorna (Kayli Carter) e o recém-nascido neto.

Certo dia, o filho de maneira inesperada, morre em um acidente com um cavalo.

Algum tempo depois Lorna se casa com Donnie Weboy (Will Brittain), um homem bruto que maltrata a esposa e o neto do casal Blackledge, e se mudam sem avisar Margaret e George.

O casal embarca em uma road trip em busca de resgatar o neto, e  pela jornada que seus protagonistas farão, é nítido o profundo sentimento que os une.

O casal acaba enfrentando muitos percalços e perigos provocados pela líder do clã Weboy, a maquiavélica Blanche (Lesley Manville).

A narrativa que é aparentemente simples, acessa discursos importantes.

O encontro entre a construção da história familiar dos Blackledge, como muito amor entre eles e a natureza com a mitificação familiar dos Weboy, que desempenham papéis do tradicional faroeste americano, é uma das chaves mais bem sucedidas de Deixe-o Partir.

Há ainda a figura do indígena que ajuda o casal: a presença dele, honra e tenta dar a dignidade que o povo indígena perdeu historicamente.

Margaret é movida por uma força maior, enquanto o marido tenta acompanhar a sua força, dando a figura dela as resoluções da trama, não apenas no que concerne a teoria, mas também na prática, acessando o discurso de empoderamento de forma natural.

“Deixe-o partir” é sobre perdas e como lidar com elas.

E quanto vale os sacrifícios que fazemos pelos que amamos.

Mostra que nossas escolhas podem mudar trajetórias, e a coragem  que alguns precisam ter na intencionalidade de mudar o rumo das coisas é decisiva.

Dito tudo isso, o filme tinha tudo para ser excelente, mas algumas coisas são jogadas na tela, como a morte do filho, sem explicação, a aparição do indígena que não foi bem utilizada, a subserviência, sem base, dos Weboy à mãe, o final que poderia ser menos truncado.

Mas vale as excelentes atuações do elenco afinado, principalmente Lane e Costner, a fotografia maravilhosa do deserto de Montana, e o acesso à discursos importantes.

É um bom filme.