CRÍTICA – Não! Não Olhe! /2022

JORDAN PEELE ENTREGA UM TERROR COMPETENTE E COM SUA MARCA REGISTRADA: REPLETO DE DISCUSSÕES SOCIAIS.

Não! Não Olhe! (Nope – EUA, 2022)

Direção: Jordan Peele

Roteiro: Jordan Peele

Elenco: Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Steven Yeun, Brandon Perea, Michael Wincott, Keith David, Wrenn Schmidt

Duração: 130 min.

Gênero: Horror, Suspense/Thriller, Terror.

Os irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) administram uma grande fazenda de treinamento de cavalos. Mas tudo muda quando seu pai Otis (Keith David) morre de forma misteriosa sob uma nuvem sinistra.

Não! Não olhe gera inquietação e estranheza, e a ousadia dá o tom ao projeto. À princípio um filme sobre OVNIS mas vai muito além disso. O longa apresenta uma visão diferente e crítica sobre a indústria cinematográfica, a discriminação racial que dentro dela acontece, a ganância daqueles que possuem uma posição de poder e as dificuldades, que pessoas negras no contexto como o dos irmãos protagonistas do filme, sofrem para conseguir uma oportunidade.

Nope pode ser um filme que fala de forma clara para uns e subjetiva para outros, sobre a espetacularização de situações diversas e como o ser humano tem a capacidade de tornar tudo um espetáculo, um show.

Peele entrega um filme que além de crítico, trabalha estranhamente a natureza do espetáculo e usa dos elementos, diálogos, personagens e da criatura misteriosa para enfatizar a sua ideia principal.

O roteiro apresenta alguns deslizes, alguns exageros e diálogos sem sentido, mas quando somado com ao contexto, a  fotografia excelente que traz um ar de suspense, e as belas atuações, transmite quase que instantaneamente o desconforto promovido pela imagem e a variação de formas tomadas pelo monstro alienígena no decorrer do longa.

Jordan Peele sabe como filmar e acima de tudo aterrorizar. Ele nos coloca realmente sob a ótica de seus personagens, como se acompanhássemos o objeto não identificado realmente da mesma forma que eles o veem. Os efeitos sonoros são aplicados com precisão e as panorâmicas belíssimas são essenciais para o entendimento da proposta. Destaque as atuações primorosas dos ótimos Daniel Kaluuya, Keke Palmer e o veterano Steven Yeun

O longa é cheio de camadas difíceis de absorver em uma só sessão, ele precisa ser destrinchado, colhendo todos os detalhes.

O filme é uma experiência sensorial aos amantes do bom cinema, te faz pensar, e esmiuçar as entrelinhas, realmente é uma experiência estranha, mas muito bem realizada, com alguns momentos arrastados, e que definitivamente não busca um público mimado com os costumes de hollywood e seus blockbusters. Jordan Peele conseguiu mais uma vez, trazer ideias e conceitos conhecidos, e subvertê-los aos seus próprios ideais e fanservices.

Vale muito a pena!

⭐️⭐️⭐️⭐️  

Por Ana Lopes

Jornalista