CRÍTICA – O Alfaiate
O Alfaiate (The Outfit – UK/USA / 2022) – Direção: Graham Moore
No filme, Mark Rylance interpreta um alfaiate britânico que pós passar por uma tragédia familiar, imigra para os Estados Unidos, e vai morar na Chicago dos anos 50 onde conquista os únicos clientes capazes de pagar por seus serviços durante o período de recessão econômica: os gângsters da cidade.
Aos poucos, ele se vê envolvido nos esquemas da máfia local, e em determinada noite acaba se vendo no meio de uma disputa perigosa entre gangues.
O Alfaiate é sustentado em um roteiro bem escrito, sob uma direção enxuta e competente de Graham Moore que tem o desafio de oferecer uma obra dinâmica , num cenário único, combinando suspense, drama e comédia.
O que acontece ali dentro ilustra um microcosmo da violência desenfreada lá fora.
Há três características que chamam a atenção: primeiro, informações em suspense: cada indivíduo na alfaiataria possui informações ignoradas pelos demais, e somente o espectador está ciente de tudo o que ocorre, ou, pelo menos, assim acredita.
Segundo, pelo trabalho de sons em off: que aplica-se quando ouvimos a voz de um personagem mas não o estamos vendo, apesar dele estar fisicamente presente na cena, assim melhor do que descobrirmos planos de assassinatos e traições por seus idealizadores, percebemos estes pela reação de sujeitos não envolvidos na tramoia. Terceiro, por um cuidado formidável de luz e sombra, barulho e silêncio: a ausência de palavras permite que o espectador reflita a respeito do ocorrido e formule hipóteses por conta própria.
O roteiro toma o tempo necessário para se explicar ao público, é cadente e bem estruturado.
Por fim, toda a atenção é canalizada via de fato ao choque de surpresa, ao plot twist, um xeque-mate que o personagem menos improvável aplica ludibriando as “peças do tabuleiro”, levando a um final surpreendente e digno de aplausos.
Imperdível