Prestação de contas eleitorais: comunicação transparente gera credibilidade
A prestação de contas eleitorais vai muito além de uma exigência burocrática imposta pela legislação brasileira. Ela representa um compromisso ético com a sociedade e, quando bem realizada, transforma-se em ferramenta estratégica de comunicação, capaz de gerar credibilidade e fortalecer a imagem pública dos candidatos.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2022, mais de 1,2 milhão de prestações de contas foram analisadas em todo o país, abrangendo candidatos, partidos e órgãos partidários. Embora a maior parte tenha sido aprovada, milhares de casos apresentaram irregularidades, resultando em advertências, multas e até desaprovação de candidaturas.
Para a advogada Caroline Uehara, especialista em direito eleitoral, a transparência é um dos pilares da democracia.
“A prestação de contas não deve ser vista apenas como uma obrigação legal. Quando o candidato se preocupa em comunicar claramente de onde vêm seus recursos e como eles são aplicados, ele transmite confiança ao eleitor. É uma forma de mostrar que está comprometido com a ética e a responsabilidade na vida pública.”

A legislação brasileira, por meio da Lei nº 9.504/1997 e das resoluções do TSE, estabelece que todos os gastos e receitas de campanha devem ser declarados de forma detalhada e dentro dos prazos estipulados. O descumprimento pode levar não apenas a sanções financeiras, mas também à inelegibilidade.
A jornalista Ana Lopes, especialista em comunicação política, destaca que a prestação de contas também deve ser tratada como parte da narrativa do candidato.
“Comunicar os dados financeiros de forma acessível, por meio de relatórios visuais, posts em redes sociais e linguagem simples, aproxima o eleitor. O cidadão comum quer entender para onde vai o dinheiro da campanha, e quando isso é apresentado de forma clara, a percepção de honestidade e responsabilidade aumenta significativamente.”

Pesquisas reforçam essa percepção. Levantamento do DataSenado (2023) revelou que 76% dos brasileiros acreditam que a transparência no uso dos recursos públicos influencia diretamente na confiança em um candidato.
Além disso, o TSE tem investido em ferramentas digitais, como o sistema DivulgaCandContas, que permite ao eleitor acompanhar em tempo real as receitas e despesas declaradas por candidatos e partidos. Essa iniciativa busca reduzir a distância entre a burocracia dos números e o direito da sociedade à informação.
No cenário atual, marcado pelo impacto das redes sociais e pela disseminação de notícias falsas, a prestação de contas ganha ainda mais relevância. A clareza nos dados pode neutralizar ataques, evitar desinformação e consolidar uma imagem de seriedade.
Em resumo, prestar contas é, sim, uma obrigação legal. Mas quando essa prática é incorporada à estratégia de comunicação política, ela se torna um ativo poderoso: o da credibilidade.
“A confiança é construída no detalhe. Quem é transparente com o dinheiro da campanha tem muito mais chances de ser visto como transparente na gestão pública”, conclui Caroline Uehara.
Fonte: AL9 Comunicação

