Representantes da Educação expõem dificuldades vivenciadas nas escolas em Tietê SP
“Situação está caótica” diz representante do Conselho Municipal de Educação
Representantes do Conselho Municipal de Educação estiveram presentes na 16ª sessão ordinária, que aconteceu na última terça (19), para responder às colocações feitas pela Secretária de Educação, Nilza Bernardo, em oitiva realizada na Câmara, no dia 07 de junho. Um dos representantes do Conselho, Leandro Amicci, foi à tribuna para contrapor às questões expostas pela Secretária.
Na oitiva de Nilza, ela havia alegado que os diretores municipais têm receitas próprias, advindas da cantina e do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), para realizar pequenos reparos, como instalações de tomadas e equipamentos eletrônicos. Sobre o tema, Leandro Amicci fala que a obrigatoriedade de arcar com as despesas da educação é da administração pública e que os diretores não têm autonomia para decidir qual será a destinação dos recursos arrecadados pela escola. “Quem tem essa prerrogativa é o conselho da APM (Associação de Pais e Mestres). Ele é que elege quais são as demandas prioritárias”.
Amicci conta que quando a Secretaria da Educação não consegue realizar determinados serviços, os recursos da escola são utilizados para realizá-los. Mas, de acordo com ele, esse é um procedimento que deveria ser feito de modo excepcional, em situações determinadas, pois o município tem verba, proveniente de diversas fontes, destinada à educação. No entanto, essa conduta passou a ser a regra na gestão municipal, conforme ele relata, o que tornou os recursos internos insuficientes para arcar com as inúmeras demandas que surgem nas escolas.
Outra dificuldade relatada por Amicci é a falta de parceria entre Secretaria e escolas. Como exemplo, ele diz que a Gestão Municipal oferece cursos aos professores, mas sem verificar se esses cursos são relacionados a temas de fato relevantes à atuação desses profissionais. Segundo ele, o ideal seria consultar os educadores para alinhar quais especializações eles necessitam para um aprimoramento do ensino municipal. “Quando é definido um curso de aperfeiçoamento de professores, o professor não é questionado se esse curso é relevante para ele, os gestores não são consultados se isso é relevante para a educação”. Ele diz que os gestores da educação municipal pedem para que sejam realizados encontros semestrais para um melhor diálogo e integração, porém há sempre uma negativa.
“Nosso maior problema é não sermos escutados”. Amicci diz que nunca foram consultados, por exemplo, sobre a compra dos 4 mil tablets, que hoje estão guardados em caixas, sem utilidade.
Ele também falou sobre a deficiência de profissionais da educação, em especial dos cargos de gestão. O salário inicial de Diretor Municipal e Orientador Pedagógico são inferiores ao salário de Professor, o que faz com que os profissionais que ocupam esses cargos se desloquem para outras cidades, a fim de buscar mais valorização profissional, explica ele.
Referente à colocação de Nilza Bernardo sobre não encontrar os diretores nas unidades, o representante do conselho diz que a carga horária deles é inferior ao período de funcionamento das escolas, assim não é possível que eles estejam a todo momento nesses locais.
Outra reivindicação de Leandro é quanto à inexistência de qualquer apoio pedagógico aos gestores escolares. Ele fala que fica a critério de cada unidade escolar adotar as estratégias pedagógicas que considerarem a melhor. “Não somos apoiados e não temos nenhuma orientação”.
Ele relata ainda problemas urgentes e que envolvem saúde pública, como falta de papel higiênico e sabonete, que demoram muito tempo para serem solucionados e muitas vezes a solução depende de arrecadação de dinheiro dos próprios funcionários. “Temos que fazer vaquinha para comprar vaso sanitário, senão não tem lugar para fazer nossas necessidades fisiológicas”.
Amicci finaliza dizendo que é preciso que haja uma parceria com os conselhos para que se possa fazer uma gestão mais eficiente. “Hoje, não temos uma gestão eficiente do dinheiro público destinado à educação e não temos um processo de escuta efetivo. Estamos implorando que sejamos escutados, que possamos trabalhar em conjunto” completa ele.
Os vereadores demonstraram apoio aos educadores e se propuseram a trabalhar em parceria com eles, a fim de buscar soluções para todas as demandas trazidas pelos professores.
Fonte / Câmara Municipal de Tietê