Storytelling como ferramenta de marketing político

Na política, convencer não é apenas apresentar números, projetos ou estatísticas. É, sobretudo, contar histórias que criem conexão emocional com o eleitor. O chamado storytelling — a arte de estruturar narrativas — tornou-se uma das ferramentas mais poderosas para construir imagem, gerar empatia e conquistar credibilidade.

Pesquisas comprovam esse impacto. Um estudo realizado pela Stanford University (2022) revelou que histórias bem construídas têm até 22 vezes mais chances de serem lembradas do que dados isolados. No campo político, isso significa que uma boa narrativa pode fixar no eleitor a identidade de um candidato de forma muito mais eficaz do que um discurso técnico.

A jornalista Ana Lopes destaca que o storytelling é a ponte entre o candidato e a população:

“O eleitor quer se reconhecer na trajetória de quem pede seu voto. Histórias pessoais, causas defendidas e exemplos de superação aproximam o político das pessoas comuns. É a narrativa que transforma promessas em propósito.”

Do ponto de vista do marketing, o storytelling também é estratégico. Não basta apenas emocionar: é preciso organizar a narrativa de modo que ela reforce valores e diferencie o candidato em meio a tantos concorrentes.

O especialista em marketing Mike Ribeiro ressalta a importância desse alinhamento:

“Uma campanha sem narrativa é como um livro sem enredo. O storytelling organiza o discurso, conecta a biografia ao projeto político e gera uma identidade clara. É ele que ajuda a transformar um candidato em líder e um eleitor em defensor da causa.”

Exemplos históricos reforçam esse poder. Barack Obama, em 2008, construiu sua candidatura com base na narrativa do “Yes, we can”, sintetizando esperança e coletividade em três palavras. No Brasil, líderes políticos também recorrem a elementos narrativos — como origem humilde, luta por justiça social ou compromisso com a comunidade — para criar vínculos duradouros.

O marketing digital potencializou ainda mais essa estratégia. Hoje, narrativas podem ser fragmentadas em diferentes formatos: vídeos curtos, reels, podcasts, posts de carrossel e até transmissões ao vivo, multiplicando o alcance e reforçando a consistência do discurso.

Para Ana Lopes, é essa coerência entre história e prática que garante a credibilidade:

“Não adianta apenas contar histórias. O eleitor atual é crítico e percebe quando o discurso não condiz com a prática. O storytelling precisa estar alicerçado em fatos reais e em valores vividos pelo candidato.”

No cenário político contemporâneo, onde a disputa pela atenção é acirrada, o storytelling se torna não apenas um recurso comunicacional, mas um diferencial competitivo.

Como conclui Mike Ribeiro:

“Números informam, mas histórias transformam. Um candidato pode até ganhar votos com dados, mas só conquista defensores leais quando sua narrativa inspira.”

Ana Lopes é jornalista – formada em Comunicação Social, Pós Graduada em Políticas Públicas e em Ciência Política, sócia da AL9 Comunicação

Michel Ribeiro é fotojornalista, cinegrafista e designer gráfico – com formação em Rádio e TV, sócio da AL9 Comunicação

Fonte: AL9 Comunicação