CARREGADOS DE TEMPESTADE, NOSSA NATUREZA ESTÁ NUBLADA
Nada tem nexo, tudo é apenas um reflexo “Millor Fernandes”
Somos o reflexo daquilo que nos ilumina, invariavelmente, se o que nos “ilumina” são trevas, é a escuridão que vamos refletir.
Somente o espelho da consciência mostra, de fato, quem somos. Os outros espelhos mostram, apenas, egos refletidos.
Estamos vivendo uma atmosfera carregada de tempestades, e a nossa natureza está nublada.
Sem poder olhar adiante, não estamos encontrando a direção, estamos perdidos no meio do caminho, e a chegada está incerta.
Somos o reflexo da sociedade em que vivemos.
Somos o reflexo de cada pessoa que passa por nós, pessoas múltiplas, de diferentes origens e contextos sociais, de percursos e de uma infinidade de histórias.
Erguem-se dias difíceis a cada nova manhã, o que está acontecendo conosco? Divididos e raivosos. O mundo está ao contrário.
Tempos difíceis, em que temos a vontade e a necessidade de viver, mas não a habilidade.
São tempos de larga mudança nos valores, passamos por mudanças bruscas que pensamos – nos transformaria – e transformou, só não foi para melhor.
A velocidade com que a informação flui no mundo moderno, torna cada dia mais complexa a manutenção do que conhecemos por relações humanas. Pessoas se tornaram descartáveis. E ao não terem serventia, simplesmente descarta-se.
No livro “Amor Líquido” Bauman escreve: “Para ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis: um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Você precisa dos dois”.
Não temos liberdade e nem segurança, o que dirá os dois.
Em tempos de relações imediatas, pautadas no momento e no que podemos obter, esquecemos de ser. De ser para nós e ser para os outros, lembrando que somos parte ativa das vivências que construímos e das experiências que compartilhamos.
Em tempos difíceis substituímos abraços por sorrisos, Os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.
A tecnologia que foi feita para nos aproximar, também nos distanciou, e a distância que impusemos ao mundo, trouxe consigo uma mudança permanente no modo como a sociedade se desenvolve, e, na maneira como ela se seguirá.
As pessoas seguem a correnteza, e entre desapegos e desafetos, vamos nos afogando num mar de incertezas, onde ninguém sobreviverá.