Crescimento sustentável da Amazônia requer responsabilidade do setor privado
Por Pedro Portugal
O futuro da Amazônia não depende apenas de políticas públicas ou da ação de organizações ambientais.
Cada vez mais, empresas privadas se colocam no centro do debate sobre o desenvolvimento sustentável da região, assumindo um papel ativo na construção de um modelo que una progresso econômico, responsabilidade social e preservação ambiental.
A justificativa é que as companhias que atuam na Amazônia, especialmente nos setores de mineração, energia e agronegócio, começam a enxergar valor estratégico em práticas sustentáveis.
A questão não é somente financeira. É com a preservação, que tem construído espontaneamente uma cadeira produtiva que vem do consumidor final. Nesse ponto de vista, empresas que atuam na Amazônia precisam entender que o desenvolvimento sustentável não é apenas um diferencial competitivo, é uma exigência do século XXI.
O mercado internacional está cada vez mais atento à origem dos produtos e à postura socioambiental das empresas. Quem ignora isso, perde relevância e principalmente credibilidade. Esse novo olhar impulsiona uma série de investimentos em inovação e tecnologia para reduzir impactos ambientais, aumentar a eficiência energética e promover o uso racional dos recursos naturais. Em paralelo, cresce a adoção de programas voltados à capacitação profissional, geração de renda e empreendedorismo para as populações locais.
O fortalecimento das parcerias público-privadas também é apontado como um dos caminhos mais eficazes para acelerar o progresso sustentável. Iniciativas colaborativas entre empresas, governos e organizações da sociedade civil têm direcionado recursos para áreas estratégicas como saúde, educação e saneamento, elementos estruturais que impulsionam o desenvolvimento humano e social.
No setor de mineração, por exemplo, algumas empresas vêm adotando práticas avançadas de monitoramento ambiental, recuperação de áreas degradadas e rastreabilidade, além de estabelecer parcerias com universidades e institutos de pesquisa para o desenvolvimento de soluções sob medida para o bioma amazônico.
Além do impacto direto na qualidade de vida da população que vive nessa região, essa atuação responsável também posiciona as empresas brasileiras em destaque nos mercados globais. Produtos com rastreabilidade (e aqui destaco a responsabilidade que nós, como setor produtor de ouro temos a obrigação de ter), baixo carbono e impacto social positivo têm conquistado preferência entre consumidores e investidores.
Nós na Keystone reforçamos esse compromisso. O sucesso dos nossos projetos está diretamente relacionado à nossa capacidade de dialogar com as comunidades e construir soluções em conjunto. Respeitar o modo de vida local e investir em educação e infraestrutura é tão importante quanto cumprir os padrões ambientais. Além de garantir a rastreabilidade da produção final.
O que estamos vendo é a construção de um novo paradigma. A Amazônia pode, sim, ser um exemplo mundial de como conciliar desenvolvimento e conservação, mas isso só será possível se o setor privado agir com coragem, transparência e visão de longo prazo. Em tempos de crise climática e desigualdade social, a atuação das empresas na Amazônia vai além da filantropia: representa um compromisso ético com as futuras gerações. Transformar desafios em oportunidades sustentáveis não é apenas viável. É urgente!
* Pedro Portugal é engenheiro de minas, economista e diretor-técnico da Keystone Mineração.
Fonte: Naves Coelho Comunicação

