CRÍTICA – Armageddon Time / 2022

UMA HISTÓRIA DE AMADURECIMENTO PROFUNDAMENTE PESSOAL 

Armageddon Time (2022, EUA) Direção: James Gray

Roteiro: James Gray

Elenco: Banks Repeta, Anne Hathaway, Jeremy Strong, Jaylin Webb, Anthony Hopkins, Ryan Sell, Tovah Feldshuh, Andrew Polk, Dane West, Landon James Forlenza, Richard Bekins, Jacob MacKinnon, Domenick Lombardozzi, John Diehl, Jessica Chastain

Gênero: Drama

Duração: 115 min. 

“Armageddon Time” de James Gray é um filme autobiográfica, um coming of age supostamente familiar, que acompanha um período do crescimento do jovem Paul Graff (Banks Repeta) ao lado de seu melhor amigo, Johnny (Jaylin Webb), traçando as tentativas juvenis da dupla em sobreviver a uma época carregada de pressões familiares e transformações culturais desafiadoras.

A pouca idade e a vida numa protegida blindam a visão do garoto para as verdades do mundo real, gerando uma crise na formação do garoto, uma vez que a ideologia dominante do seu meio entra em choque direto com os princípios que sua vivência o apresenta. Uma das razões de suas dúvidas e inquietações é perceber a contradição de um entorno permeado por injustiças e o fato de a sua família ser judia, vítima de um processo histórico destruidor, mas ao mesmo tempo contribuir com o racismo em relação aos cidadãos negros da cidade. 

Compreende-se, aí, o distanciamento com os seus pais e a extrema intimidade com o seu avô, Aaron Rabinowitz (Anthony Hopkins), este, o ideal perfeito de humanismo e exemplo a ser seguido pelo garoto.

Existe uma certa melancolia orbitando a trama de amadurecimento do jovem que se vê rodeado de conflitos em um recorte norte-americano com o preconceito batendo forte a porta.

O longa tem espaço para debates em relação a desigualdade social, antissemitismo e racismo em contraste entre os privilégio que Paul possui em detrimento de Johnny, porém trama em nenhum momento se aprofunda nessas questões, o que é uma pena.

O roteiro do filme parece ser um texto de um sujeito só, quando poderia aprofundar a trama através do desenvolvimento de personagens essenciais, e de um ótimo elenco como Antony Hopkins ( o avô, a única referência boa que o garoto tem) e Anne Hathaway (a mãe).

A estrada de Paul é repleta de aprendizados, mostrando verdades e cheia de obstáculos e de memórias em uma narrativa intimista que emociona do início ao fim. Mas, o aprendizado que há aqui encontra-se fora das telas, como e rever conceitos e tomar consciência de como o privilégio pode fazer você se distanciar de alguns valores.

⭐️⭐️⭐️

Por Ana Lopes

Jornalista