CRÍTICA – Nada de Novo no Front
A BRUTAL REALIDADE DOS JOVENS SOLDADOS NAS TRINCHEIRAS DA 1ª GUERRA MUNDIAL
Nada de Novo no Front (Im Westen nichts Neues – Alemanha/EUA/Reino Unido, 28 de outubro de 2022)
Direção: Edward Berger
Roteiro: Edward Berger, Lesley Paterson, Ian Stokell (baseado em romance de Erich Maria Remarque)
Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, Thibault de Montalembert, Devid Striesow, Andreas Döhler, Sebastian Hülk Gênero: Drama/Guerra
Duração: 147 min.
O longa é baseado no livro de Erich Maria Remarque, um clássico escrito em 1929 que já ganhou outras adaptações para o cinema, e mostra que a obra segue muito atual quase um século depois.
Dirigido por Edward Berger, a história é narrada sob o ponto de vista de dois personagens: o soldado Paul, um jovem soldado recém-chegado no exército alemão enquanto ele luta por sua vida durante a 1ª Guerra Mundiale o político Matthias Erzberger (Daniel Brühl), que negociava a paz com a França enquanto soldados morriam aos montes no campo de batalha.
O jovem começa seu serviço militar de forma idealista e entusiasmada, falsifica a autorização dos pais a fim de embarcar com os três melhores amigos para o conflito, mas logo é confrontado pela dura realidade do combate. Ao chegarem às lamacentas e frias trincheiras, vê os soldados ao redor tombarem, a fome e a desilusão apertam, o caos e o desespero tomam conta, e o arrependimento somente não é maior do que a vontade de sobreviver numa guerra onde nada parece fazer sentido.
Em “Nada de novo no Front” o tempo passa devagar e mostra que cada segundo na guerra é uma tortura gritante e eterna.
Um ponto fundamental da narrativa de “Nada de Novo no Front” é o contraponto entre os soldados lutando por suas vidas e por um ideal que não fazia sentido e os oficiais das altas patentes no conforto dos escritórios, bem vestidos, servidos por verdadeiros banquetes articulando a guerra, enquanto eles, aqueles que estavam no front, dividiam refeições entre si e os ratos.
Um primor de fotografia, iluminação, som e imagens.
Um filme onde não há heróis, porque quando se está inserido numa guerra, de caos, mortes, desespero e luta pela sobrevivência, todos são heróis, porque os vilões estão atrás das mesas armando novos jogos de guerra.
“Nada de novo no front” apesar de não trazer grandes surpresas em relação ao filme original de 1929 é uma obra-prima atualíssima que fala não apenas sobre os horrores da guerra mas também sobre a desilusão humana com o mundo moderno, que se destaca por diferenciar-se dos discursos heroico, poético e patriótico dos filmes de guerra que conhecemos.
Com nove indicações ao Oscar, entre elas a de Melhor Filme Internacional e Roteiro Adaptado.
⭐️⭐️⭐️⭐️
Por Ana Lopes
Jornalista