CRÍTICA / OSCAR – SING SING (2024)


Uma obra cativante que humaniza os invisíveis

Baseado na comovente história real de Divine G (Colman Domingo), preso na instalação correcional de Sing Sing por um crime que não cometeu, Divine encontra um propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados, incluindo um recém-chegado e desconfiado (Clarence Maclin). 

Dirigido, co-produzido e co-escrito por Greg Kwedar, “Sing Sing” transcende as barreiras de um típico drama carcerário ao colocar no centro de sua narrativa o marginalizados os próprios presidiários. Dirigido com sensibilidade, o filme mergulha na vida de indivíduos encarcerados no famoso presídio de segurança máxima de Nova York, apresentando uma abordagem inovadora ao escalar atores que são, na verdade, ex-presidiários interpretando a si mesmos.

Essa escolha confere à obra uma autenticidade rara, capturando nuances emocionais muito bem  traduzidas, nesta história real resiliência, humanidade e o poder transformador da arte.

O filme destaca a força da humanidade e o impacto que a arte pode ter em ambientes adversos e nos torna testemunhas de uma humanidade vibrante, repleta de fragilidades, esperanças e a luta por redenção. Cada cena é impregnada de uma verdade visceral, resultado direto da experiência de vida dos protagonistas.

Além de sua força narrativa, “Sing Sing” oferece uma crítica poderosa ao sistema carcerário, mostrando como a arte e a expressão podem ser ferramentas de transformação pessoal e social dentro das paredes de uma prisão. Não é apenas um filme sobre presidiários, mas sobre pessoas – homens que, apesar de seus erros, buscam reescrever suas histórias e encontrar dignidade em meio ao caos.

A trilha sonora pulsante e a fotografia intimista complementam a atuação impactante do elenco com Colman Domingo inspirado na sutileza de suas ações. Ele vai a extremos que são completamente elegantes e atraentes, te fazendo sentir tudo o que Divine sente. Clarence Maclin com uma atuação competente te deixa desconfortável com a representação perfeita de um personagem que está desesperado para se proteger de onde está. 

“Sing Sing” não é apenas um filme, mas um testemunho da resiliência humana e um convite para repensarmos nossas percepções sobre o encarceramento.

Uma linda defesa das artes como meio de sobrevivência, reabilitação, desenvolvimento e transformação, para qualquer pessoa e em qualquer lugar. 

Impecável, reflexivo, uma aula de cinema. Uma obra que fica na mente e no coração muito depois dos créditos finais.

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️