CRÔNICA – Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades / 2022

IÑARRITU FAZ UM RESGATE DE SUA IDENTIDADE MEXICANA

Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades (Bardo, falsa crónica de unas cuantas verdades) – México, 2022

Direção: Alejandro G. Iñárritu

Roteiro: Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone

Elenco: Daniel Giménez Cacho, Griselda Siciliani, Ximena Lamadrid, Íker Sánchez Solano, Luz Jiménez, Luis Couturier, Francisco Rubio, Andrés Almeida, Clementina Guadarrama, Jay O. Sanders, Noé Hernández

Gênero: Drama

Duração: 159 min.

O longa é dirigido pelo cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu, vencedor de quatro estatuetas do Oscar, e traz toques autobiográficos.

Silverio é um jornalista e documentarista mexicano que vive nos EUA há quinze anos.

Pouco antes de receber um prêmio jornalístico nos EUA, ele retorna para casa (México) e tem uma enorme crise existencial.

O protagonista faz o caminho inverso, percorrendo todos seus erros e acertos, não como lamentos mas como uma celebração.

Entre tantas discussões que se pode extrair do longa, dois são bem evidentes: a percepção dos latinos mundo afora, como são tratados e considerados apenas como mão de obra nos países onde vivem. O outro é o tratamento que recebe quando volta ao seu país, que apenas o consagra depois do sucesso internacional.

O alter ego de Iñárritu é consumido por sentimentos opostos: de um lado, a culpa por ter abandonado seu país; do outro, o ressentimento de viver em uma nação que o recebe, mas não é seu lar.

O longa transcende as telas do cinema e nos faz refletir sobre nossas origens e quem nos tornamos por causa ou apesar dela.

O objetivo é exatamente mostrar esses conflitos internos entre o indivíduo e o seu entorno no que diz respeito às relações de pertencimento à sua própria nação.

Esses conflitos internos nessa oposição do indivíduo ao seu exterior dão a tônica da obra,

Uma construção daquilo que nos tornamos a medida que nossas raízes são tiradas ou afastadas de nós.

Bardo, que significa “limbo” é um espetáculo de metalinguagem, construído a partir de uma imagem, um som, um movimento, onde podem coexistir a racionalidade mais absoluta e o desvio para um universo alternativo só possível nas telas.

O longa é uma obra de arte que precisa ser visto com os olhos da alma.

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

Por Ana Lopes

Jornalista