Desastres Naturais: porque têm aumentado as incidências e como preveni-las

Os desastres ambientais acontecem desde o início da história da humanidade, entretanto, com o avanço das tecnologias e da intervenção do homem na natureza, a recorrência dessas situações estão se tornando cada vez mais prejudiciais.

Como evitar que eventos desse tipo se repitam, ou possibilitar a diminuição das incidências é um debate que está se tornando presente na sociedade e na política.

Estudos já alertavam, há décadas, que os desastres naturais ficariam cada vez mais frequentes, por causa do aquecimento global, causado pela poluição e pelo desmatamento. Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ligado às Nações Unidas – já apontavam para o risco nos anos de 1990.

A frequência dos extremos de tempo, clima e água estão aumentando e se tornarão mais frequentes e graves em muitas partes do mundo como resultado das mudanças climáticas”, diz Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

“Isso significa mais ondas de calor, secas e incêndios florestais como aqueles observados recentemente na Europa e América do Norte”.

O novo relatório da Organização Meteorológica Mundial e do Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres mostra que mudanças climáticas e os eventos extremos causaram um aumento nos desastres naturais nos últimos 50 anos.

De 1970 a 2019, os desastres naturais equivalem a 50% de todos os desastres, 45% de todas as mortes reportadas no período e 74% de todas as perdas econômicas. 

Mais de 11 mil desastres reportados foram atribuídos a eventos climáticos, com pouco mais de 2 milhões de mortes e 3,47 trilhões de dólares em perdas. Mais de 91% das mortes ocorreram em países em desenvolvimento. 

As mudanças climáticas afetam o planeta todo, mas alguns países estão mais vulneráveis a eventos extremos. O Brasil é um deles.

Um dos fatores é porque está em uma região tropical, onde o calor já predomina naturalmente. A quantidade de pessoas que vivem de maneira precária, em áreas com risco de enchentes e deslizamentos, agrava ainda mais a situação.

O Brasil é o terceiro entre aqueles com o maior número de áreas de risco para desastres naturais.

No verão dos trópicos, desastres ambientais tendem a acontecer no verão que, geralmente, é marcado por fortes chuvas e, muitas delas, resultam em desastres naturais.

O ar fica mais quente e com maior capacidade de armazenar umidade, ou seja, vapor. O que acontece é que com mais calor, mais água evapora da superfície terrestre gerando mais umidade, logo, mais água na atmosfera, favorecendo a formação de nuvens. Esse processo é o que torna o ambiente mais propício a enchentes.

O aumento da concentração de dióxido de carbono, causado pelo desmatamento da Amazônia, traz uma quantidade de calor excepcionalmente alta para a atmosfera. Essa energia extra na atmosfera tem que ser dissipada de alguma maneira e uma das maneiras que essa energia é dissipada é através dos eventos climáticos extremos: grandes secas, grandes inundações, enchentes.

O Brasil teria cerca de 13,5 mil áreas de risco mapeadas onde podem ocorrer desastres naturais, de acordo com o mapeamento feito pelo Sistema Federal de Proteção e Defesa Civil, através do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), responsável por realizar o mapeamento para desastres geológicos e hidrológicos. 

Ainda de acordo com o levantamento, os estados com mais municípios mapeados são:

Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Bahia e Santa Catarina.

Se o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis continuarem nos padrões de hoje, em 50 anos os eventos extremos poderão aumentar até 39 vezes.

A mudança climática também aumentou a frequência de  eventos extremos no nível do mar associados com ciclones tropicais, que, por sua vez, aumentaram a intensidade de outros eventos extremos, como inundações e impactos associados. Isso contribuiu para tornar mais vulneráveis megacidades baixas, deltas, costas e ilhas em muitas partes do mundo.

Além disso, cada vez mais estudos estão documentando influência humana exacerbada em eventos extremos de precipitação, algumas vezes combinados com outras influências climáticas. 

Mais cooperação internacional é necessária para combater os problemas crônicos que submetem um enorme número de pessoas ao deslocamento todos os anos por inundações, tempestades e seca”, disse a chefe do UNDRR. 

Mami Mizutori, chefe da UNDRR (Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres) diz que é necessário um aumento do investimento em uma gestão abrangente do risco de desastres para garantir que a adaptação às mudanças climáticas seja integrada nas estratégias nacionais e locais de redução do risco de desastres e alerta que o fracasso em reduzir as perdas decorrentes de desastres como foi estabelecido no Marco de Sendai, em 2015, está colocando em risco a habilidade dos países desenvolvidos de erradicar a pobreza e atingir outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

É preciso que os países revejam a própria vulnerabilidade e exposição a desastres considerando que a mudança climática influencia nas rotas dos ciclones tropicais, assim como na sua intensidade e velocidade ao passar. O relatório também pede o desenvolvimento de políticas pró-ativas e integradas em desastres de início lento, como secas. 

Os desastres ambientais são situações comuns na natureza, entretanto, são intensificados pela ação da humanidade e podem ser evitados ou minimizados. 

Para evitar tragédias, como as catástrofes naturais, é importante investir em planejamento urbano e políticas públicas. Existem dois tipos de medidas preventivas básicas: as estruturais e as não estruturais. As medidas estruturais envolvem obras de engenharia complexas e caras, como barragens, diques e alargamento de rios. Já as medidas não-estruturais envolvem ações de planejamento e gerenciamento, como sistemas de alerta e zoneamento ambiental.