Representatividade na infância: o papel da escola na formação de uma sociedade mais justa e equitativa
Por Lucas do Liceu
As características físicas, o tom da pele, a orientação sexual, possíveis deficiências são todos traços naturais. Logo, é fundamental que as crianças aprendam desde cedo sobre o respeito às diferenças.
Os pequeninos possuem inúmeras dúvidas sobre o que percebem “diferente”. Esta curiosidade dependendo da forma como conduzimos as respostas, podemos construir o preconceito no mundo da criança.
A diversidade está presente em todo o lugar e ensiná-los desde cedo a apreciarem e compreenderem o tema como uma oportunidade de ampliar sua percepção de mundo contribuirá para a construção de um mundo com mais diálogo e mais receptivo à novas ideias.
A representatividade promove a inclusão, a igualdade e a diversidade, criando sociedades mais justas e equitativas. Além disso, ela tem um impacto significativo na autoestima, na identidade e na autoaceitação das pessoas, permitindo que se sintam validadas e representadas.
Tratar do assunto da representatividade no contexto da educação, sobretudo, da educação infantil é tentar esclarecer conceitos e pontos que talvez não sejam tão elucidados tanto sobre a própria função da educação, quanto de onde vêm e de onde estão pautados os nossos preconceitos.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece os objetivos de aprendizagem na construção de uma percepção mais natural da sociedade e da pluralidade étnico-racial no Brasil.
Estabelecendo que é durante a primeira infância que começa a ser formada a identidade do ser humano, pois é nessa fase que começa a construção da sua visão de mundo e sobre si mesmo
Nas escolas essa representação das diferentes manifestações culturais, da pluralidade étnica e das diferentes configurações de família não podem reforçar estereótipos negativos, como os que dão força ao ideal de beleza eurocêntrico e que ensina nossas crianças a amarem seus corpos, suas famílias e suas próprias narrativas.
Quando negamos as referências culturais, as diferentes realidades e manifestações culturais presentes no nosso território criamos um espaço excludente em detrimento da manutenção de uma narrativa única e que não contempla a necessidade de se ver e de ver o mundo em que cada criança vive.
As reflexões e os debates acerca do tema são cada vez mais importantes no contexto escolar.
Quando a diversidade é abordada na escola, damos um passo muito importante em relação a compreensão das nossas identidades, o que é de suma importância para o desenvolvimento saudável de todos os indivíduos.
Fornecer modelos adequados de como lidar com a diversidade de forma natural e respeitosa é fundamental para o desenvolvimento da consciência social na infância.
Como os pais podem ajudar na criação de repertório cultural e apostar na representatividade?
Busque ambientes de brincadeira onde a criança consiga conviver com a diferença;
Disponibilize brinquedos que tenham característica físicas diversas (tipos de pele, corpos e culturas);
Acesse desenhos animados e livros que tematizam e tenham personagens que possuem representatividade de etnia, cultura, gênero, corpos, entre outras;
Apresentar histórias de pessoas reais que simbolizaram movimentos sociais relevantes em prol da conquista de direitos e igualdade.
As crianças são seres sociais que estão inseridas na sociedade e são impactadas e impactam o mundo. Dessa forma, conversar sobre todo o tipo de assunto é importante para que elas se sintam pertencentes a uma comunidade e acolhidas em suas dúvidas.
É responsabilidade da escola e dos adultos educar essa geração com menos preconceitos e participar ativamente da construção de ambientes mais inclusivos.
Trazer maior representatividade para o cotidiano da criança é essencial para que ela possa desconstruir possíveis estereótipos e identificar formas de existir mais plurais.
Promover um ambiente harmônico, amoroso e respeitoso com a apresentação e valorização da diversidade a auxilia a se tornar um adulto que respeita as pessoas que as cercam.
Lucas do Liceu é Gestor Educacional, CEO do Grupo Liceu, Vereador e ex Secretário da Educação na cidade de Itaquaquecetuba