Tragédia Climática no Sul do País
Um ciclone extratropical se formou na segunda-feira (4/9) no sul do Brasil, provocando muita chuva, fortes rajadas de vento e até queda de granizo no Estado do Rio Grande do Sul.
Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul foram confirmadas 21 mortes, em Santa Catarina também foi registrada a morte de uma pessoa.
Os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão atmosférica que se formam fora dos trópicos, em médias e altas latitudes. “Ele é formado pelo contraste de massas de ar quente e frio. Parte da sua ação é sugar toda a umidade pra essa região do centro de baixa pressão e jogar para a atmosfera, resfriando e transformando a umidade em nuvens. É nesse processo que o fenômeno espalha chuva e vento”, explica Estael Sias, meteorologista do MetSul Meteorologia.
De acordo com Sias, o aquecimento global tem contribuído para o surgimento de ciclones extratropicais atípicos, que podem se formar com mais rapidez e causar impacto maior.
Elementos como o fenômeno El Niño, que aumentam a umidade, acabam potencializando ainda mais a força das chuvas.
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a instabilidade atual está associada a circulação dos ventos e a baixa pressão que se formou no Paraguai.
Ainda segundo o instituto, o ciclone vai dar origem a uma frente fria no decorrer dos dias e reforçar a condição de chuva forte e temporais nos três estados da Região Sul.
Comuns na história climática brasileira, os ciclones extratropicais costumam se formar no extremo sul do país, entre o Rio Grande do Sul e Argentina e Uruguai, países vizinhos.
Seus ventos são mais fracos e seus efeitos têm duração menor em comparação com os ciclones tropicais.
A Defesa Civil emitiu alertas de temporais, enxurradas e inundações gradativas. Há risco de alagamentos, deslizamentos e enxurradas, assim como destelhamentos, danos nas redes elétricas e quedas de árvores e galhos.
Os riscos variam de acordo com a região e a intensidade com a qual o ciclone deve atuar. Por isso é importante sempre estar alerta às recomendações da Defesa Civil e outros órgãos competentes na sua cidade e Estado.
O ciclone que provocou mortes e estragos no Sul já se afasta para o oceano, mas a mudança no tempo que ele trouxe fez o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitir alertas laranjas para seis estados do país. Os alertas, que representam perigo, são tanto para tempestades quanto para ventos costeiros.
Conforme se desloca para o oceano, o ciclone vai reforçar as condições de tempestades na região e alastrar o frio para o Sudeste.
O Inmet também emitiu um alerta amarelo de “perigo potencial” para queda de temperatura nos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Caxias do Sul e Santa Maria apresentam atualmente riscos altos de deslizamentos de terra. Segundo o subchefe da Casa Militar – Proteção e Defesa Civil do Estado, coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, mais de 1.600 pessoas foram afetadas diretamente, tendo, por exemplo, suas casas e outros bem destruídos.