CRÍTICA – A Sala dos Professores / 2023
A Sala dos Professores (Das Lehrerzimmer / The Teachers’ Lounge) — Alemanha, 2023 – Direção: Ilker Çatak
A Sala dos Professores acompanha a professora Carla que leciona em uma escola onde estão acontecendo roubos constantes, e a professora resolve investigar por conta própria. As boas intenções da jovem professora são frustradas a cada passo, e ela acaba se vendo numa enorme confusão onde a hierarquia escolar e as reações de alunos e dos pais levam a uma espiral de acontecimentos entre paradigmas éticos e morais, que quebra a estabilidade de todos no estabelecimento de ensino.
O longa é um filme de observação de comportamentos e atitudes em meio a uma crise de confiança e reprovável administração de problemas por parte da direção escolar.
É uma crítica sobre preconceito racial, étnico e cultural. Principalmente quando um aluno turco é acusado de ter realizado os furtos por, simplesmente, ter dinheiro para o almoço.
A Sala dos Professores tem ecos do passado, com suas cicatrizes de um país que entrou duas vezes em guerra contra boa parte do mundo no século 20, e no fato de Carla ser filha de poloneses que migraram à Alemanha nos anos 1960
A narrativa não se preocupa em apresentar a verdade, mas discute a situação sem saída da questão educacional em um mundo em que violência, preconceito, pobreza e ruídos familiares são estímulos inescapáveis, histórico que se choca ao longo da trama com outra questão contemporânea: a xenofobia.
O mundo não é mais dividido entre o certo e errado moral que balizava o sistema de educação – o mundo agora é o da pós-verdade, cheio de nuances.
O que resulta em um filme ciente do tempo presente, igualmente atento às heranças deixadas pelo passado, sem respostas sobre o futuro, que vem trazer reflexão, conscientização e discussão do que somos e para onde estamos indo.