CRÍTICA – Animais Noturnos (2016)

Animais Noturnos (Nocturnal Animals) – EUA, 2016 – Direção: Tom Ford

Términos não são simples e leva tempo para cicatrizar as feridas, fechamentos de ciclo é difícil de lidar e Tom Ford assumiu as rédeas desse exercício e mostrou que é possível fazer uma boa história sobre conclusão, términos e tudo o que os envolve.

Baseado no livro Tony & Susan (1993), de Austin Wright, Animais Noturnos de Tom Ford cria um universo tenso, perturbador, e violento.

O drama acompanha a curadora de arte bem sucedida Susan (Amy Adams), que vive nas incertezas de um casamento que já não a faz feliz.

Susan questiona suas escolhas e é forçada a confrontar seu passado quando recebe do ex marido, o escritor Tony (Jake Gyllenhaal), o novo romance dele.

O livro representa a projeção de algum momento da história do autor e a quem foi dedicado, para a leitora, que se enxerga não admitindo sua auto representatividade.

Na subtrama, o trágico livro acompanha o personagem Tony Hastings, um homem que leva esposa e filha para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho de uma gangue.

Durante a tensa leitura, Susan pensa sobre as razões de ter recebido o texto, descobre verdades dolorosas sobre si mesma e relembra traumas de seu relacionamento fracassado.

A narrativa do longa se divide em três linhas: uma no presente, uma no passado (através de flashbacks revelando o relacionamento dos personagens e uma na ficção, num trecho que decorre apenas no livro.

Tendo tantos níveis dramáticos a desenvolver, Ford conta com um excelente trabalho de seu estrelado elenco, incluindo a performance extremamente competente de Michael Shannon, como o xerife.

Desconforto é a palavra que mais define Animais Noturnos, a história do livro forma tantos questionamentos sobre os envolvidos e domina o imaginário representativo das probabilidades para serem discutidas e lembradas.

Animais Noturnos é uma jornada por percepções, fases da vida, relacionamentos e sentimentos.

“Animais Noturnos” é uma obra que consegue transitar entre o suspense e o romance, e tem a  harmonia perfeita entre a fotografia e a edição. Com cenas em ambientes belíssimos, e uma montagem muito competente.

É emocionante e perturbador do início ao fim e com certeza imperdível.