CRÍTICA – A Última Sessão de Freud – 2024

A Última Sessão de Freud (Freud’s Last Session / 2024 – Reino Unido) – Direção: Matthew Brown

Em 1939 os nazistas invadiram a Polônia, assassinando mais de 20 mil pessoas em apenas dois dias. Dr. Sigmund Freud fugiu da Áustria para Londres. E na sua agenda há um compromisso, uma última sessão: ver um professor de Oxford, nunca saberemos quem é, mas o longa nos mostra que poderia ter sido CS Lewis.

A história do filme se baseia no livro ‘Deus em questão’, do Armand Nicholi Jr. e imagina um encontro entre Sigmund Freud e C.S.Lewis, dois dos maiores intelectuais do século XX. E já ganhou adaptações ao teatro em diversos países, inclusive no Brasil.

Dirigida por Matt Brown a adaptação cinematográfica se situa na véspera da Segunda Guerra Mundial, os dois homens se chocam verbalmente sobre vários tópicos profundos como amor, sexualidade e a existência de Deus. Além disso, também explora o relacionamento único do Dr. Freud com sua filha homossexual Anna Freud, que seguiu seus passos e ficou conhecida por sua contribuição significativa ao campo da psicanálise infantil.

A ideia desse encontro ficcional entre Freud e C. S. Lewis, que discutem sobre a religião, razão e o poder da empatia é muito interessante e aguça a imaginação de quem teria influenciado quem e nos provoca a pensar que ambos Freud viveram no mesmo tempo, num contexto de guerra, e, ainda assim, criaram obras espetaculares.

Hopkins acerta em seu Freud autoritário e aterrorizado pela dor do câncer e de sua morte iminente). Goode não deixa por menos ao retratar seu  Lewis.

O filme não passa pano para as figuras históricas, retrata o relacionamento bastante problemático de Lewis com a mãe de seu amigo de guerra e o estranho e desafiador relacionamento de Freud com sua filha Anna.

Os debates, por vezes, acalorado são muito bem feitos. Mas apesar de tudo não é um filme para qualquer público, se você não gosta do assunto não vai apreciar.

Surpreendentemente, este filme não recebeu muita atenção da crítica sobre o trabalho de Hopkins, que é excelente e o roteiro com um material de escrita filosófica fascinante torna este um filme de qualidade ímpar.

O longa é de reflexão profunda que talvez transcenda as palavras para sua apreciação, um filme para entreter a mente.

A questão não era um destino final, mas a consciência fundamental de que “nós” somos todos humanos, e que na verdade, no fim,  não há razões nem explicação para grande parte da vida.