CRÍTICA – Ela Disse / 2022.
A INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA QUE LEVOU O MOVIMENTO #MeToo AO ÁPICE
Ela disse (She Said – 2022 / EUA)
Direção: Maria Schrader)
Roteiro: Rebecca Lenkiewicz, baseada na investigação de Jodi Kantor e Megan Twohey
Gênero: Drama
Duração: 129 minutos
“Ela Disse” nos entrega uma narrativa poderosa sobre investigação jornalística do jornal New York Times em 2017, e se debruça sobre as inúmeras denúncias de assédio e abuso sexuais contra Harvey Weinstein, poderoso produtor de Hollywood e que deu início ao ápice do movimento #MeToo, criado pela ativista Tarana Burke, mas vai além disso, e mostra a função da imprensa, em não só reportar os fatos, mas também desmembrar essa rede de mentiras, acordos de confidencialidade e seguir uma extensa lista de pagamentos para varrer diversos acontecimentos para debaixo do tapete.
“Ela disse” é adaptado do livro da dupla Megan Twohey e Jodi Kantor jornalistas que investigaram e escreveram os artigos para o NYT.
E é nas relações que as duas repórteres constroem com as sobreviventes que o filme encontra seus momentos de maior força.
O roteiro é sensível sem recorrer ao sensacionalismo, sem recriação das cenas de violência; enquanto as mulheres ouvidas contam suas histórias, são seus rostos que vemos. Mesmo a imagem de Harvey Weinstein é quase nada mostrada.
As personagens das atrizes Carey Mulligan e Zoe Kazan, que dão vida respectivamente às jornalistas Megan Twoney e Jodi Kantor são potentes e escancaram um problema estrutural em nossa sociedade.
É um bom drama jornalístico, mas por focar menos no jornalismo e mais no lado humano, é pesado e causa impacto devido a todo o mecanismo sujo envolvendo algo que deveria ser apenas sobre arte. É um soco no estômago ver tantas mulheres que foram obrigadas a desistirem de seus sonhos por conta desses crimes.
“Ela disse” deixa como mensagem que não dá para mudar o passado, mas é possível dar voz às vítimas e mudar o futuro.
Imperdível
⭐️⭐️⭐️⭐️
Por Ana Lopes
Jornalista