CRÍTICA – Memoria (2021)
Memoria (Memoria – Colômbia, Tailândia, França, Alemanha, México, Catar, Reino Unido, China, Suíça – 2021) – Direção: Apichatpong Weerasethakul
Memoria é um filme de busca e encontros, que se apoia numa vertente “metafísica”, Apichatpong não se incomoda de olhar outras dimensões, que não sejam reais.
Trata-se de um filme de sugestão e possibilidades, aberto a múltiplas interpretações, uma obra aberta com diversas e vastas simbologias e metáforas.
A escocesa Jessica Holland (Tilda Swinton) está na Colômbia para visitar a irmã doente, acometida de alguma desordem de memória.
Um dia, ouve um barulho seco, como algum objeto pesado caindo. A primeira reação é imaginar que ele vem do exterior, mas, à medida que vai se repetindo, ela se dá conta de que o som que houve, não é externo, vem de dentro.
O centro de “Memoria” é o sentimento de desconexão com a realidade que se instaura.
A partir daquele momento, Jessica experimenta uma sensibilidade sensorial inédita em sua audição. Enquanto percebe os novos sons, ela atravessará a selva colombiana.
O desdobramento de memórias leva a personagem de Tilda como a sair de si mesma, abrir-se, projetar-se em outros tempos e espaços.
Jessica inicia uma investigação pela origem do fenômeno, entre a tecnologia moderna, a arqueologia e os encontros, um desses encontros para a mulher incapaz de lembrar, o roteiro generoso oferece um homem incapaz de esquecer, que se unem pela sensibilidade e pela cumplicidade.
Memoria oferece poucas soluções para as perguntas apresentadas, e mesmo quando há respostas, estas apenas levantam a mais questões e enigmas.
Sempre que ela parece descobrir alguma coisa sobre sua condição, a ação muda de foco, e quando ela encontra Hernán, um pescador que guarda muitas memórias, e uma conclusão parece se aproximar, um novo fato é jogado na trama e remove qualquer certeza.
Tilda está esplendorosa em uma atuação gélida e enigmática.
Não é um filme para qualquer público, No entanto, para aqueles que valorizam filmes simbólicos e artísticos, oferece profundas reflexões não só no sentido de decifrar tal obra, mas sobre a própria natureza dos sonhos e das memórias.