TDAH e aprendizagem na infância: desafios para a educação infantil

Por Bruno Ribas e Ana Lopes

Estudos indicam que cerca de 3% a 7% dos estudantes apresentam o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que envolve a dificuldade de concentração, organização, persistência e inclinação à impulsividade.

O TDAH em crianças e adolescentes pode interferir no rendimento escolar, e é a causa inespecífica de dificuldade escolar mais prevalente. No Brasil, a taxa entre crianças e adolescentes em idade escolar é de 6%. O rendimento escolar pode ser afetado não por uma dificuldade do aluno em compreender as informações ou conteúdos, mas pela sua dificuldade em se manter atento às explicações e atividades escolares.

Os sintomas do TDAH têm início na infância e se estendem até a fase adulta, não sendo possível que alguém comece a desenvolver o transtorno na fase adulta, mas sim antes dos sete anos de idade. Normalmente, os primeiros sintomas aparecem logo que a criança é introduzida no ambiente escolar, onde será exigido dela um poder de concentração maior do que ela é capaz de oferecer. Os sintomas mais comuns são a desatenção, o esquecimento, a impaciência, a resistência ao cumprimento de regras, a inquietação. (FREITAS et al., 2010)

O papel dos pais é essencial no desenvolvimento da criança TDAH. Em casa ela deve seguir uma rotina bem organizada e não receber muitos estímulos. Além disso, às vezes, eles podem precisar de ajuda extra, seja dos professores, pais ou até mesmo de médicos para aprender a lidar com esses problemas e se sair bem na escola e na vida pessoal.

O primeiro passo a ser dado é a percepção do problema e aceitação do diagnóstico. Os professores são, normalmente, os primeiros a ter a percepção e, neste caso, devem alertar os pais adequadamente quanto à necessidade de buscar ajuda profissional para seus filhos, de modo que não prejudique ainda mais a criança, fazendo com que ela se sinta “diferente” dos outros e incapaz de aprender.

O professor estando preparado e em sintonia com os pais poderá orientá-los sobre como lidar com seus filhos TDAHs.

Crianças com o transtorno estão mais sujeitas a baixa autoestima, ansiedade e a depressão, e podem ter o desempenho escolar afetado ao longo da vida. Assim, é extremamente importante que profissionais da educação e os pais deem atenção à alguns  comportamentos como: desatenção e distração constante, esquecimento e perda frequente do material escolar, extrema dificuldade em organizar os materiais, ações impulsivas ou inconsequentes, mudanças de humor rápida, impaciência e irritabilidade, incapacidade para realizar tarefas demoradas, dificuldade em cumprir regras, entre outros.

Para entendermos  como o TDAH afeta o cérebro, podemos comparar o cérebro como fios de rede de informações. No cérebro de uma criança com TDAH, alguns desses “fios” podem estar congestionados ou bloqueados. Isso significa que mensagens importantes, relacionadas à atenção e ao controle de impulsos, não são recebidas como deveriam. O resultado é a desatenção, hiperatividade e impulsividade característicos do TDAH.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm um impacto particular no córtex pré-frontal, região do cérebro responsável por funções executivas, como planejamento, organização e controle de comportamento, isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados.

Além disso, o TDAH também está relacionado a diferenças na química cerebral e na conectividade neural. Neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina) ajudam a transmitir sinais de uma célula nervosa para outra através das redes do cérebro.

Esses sinais entre os neurônios podem ser fortalecidos quando acontece a estimulação de determinadas habilidades cognitivas.

Com isso, há o aumento do número das redes neuronais e, consequentemente, uma melhora no desempenho cerebral. Você fica mais criativo, recorda-se de situações com mais facilidade, além de conseguir manter-se focado por mais tempo.

Portanto, uma criança com TDAH pode ter um cérebro que se desenvolve de forma um pouco diferente, o que causa as diversas dificuldades características do transtorno. No entanto, com o apoio certo, como terapia e orientação, essas crianças podem aprender a enfrentar esses desafios e alcançar sucesso na escola e na vida cotidiana. 

Além disso, é importante lembrar que o TDAH não define a inteligência de uma criança, cada uma delas é única, e com suas próprias habilidades e talentos.

A criança com TDAH deve ter um acompanhamento familiar, escolar e de saúde próximos para auxiliá-la na execução de suas atividades. Crianças com TDAH, justamente por apresentarem dificuldades na auto regulação, dependem mais do feedback externo dos pais para regularem seus comportamentos que crianças da mesma idade sem o transtorno.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado com medicações eficazes, somados às estratégias de manejo comportamental e o acompanhamento especializado, contribuem significativamente para o êxito no processo de aprendizagem do aluno.

Bruno Ribas – Comunicador e Gestor Educacional

Ana Lopes – Jornalista e Draª em Ciências Biológicas (Neurobiologia)

Fonte: AL9 Comunicação