CRÍTICA – MARATONA OSCAR 2024 – Vidas Passadas

Vidas Passadas (Past Lives  – EUA, 2023) – Direção: Celine Song

O filme é uma história de amor nunca concretizada, um encontro de duas almas que sobrevive ao tempo e a melancolia dos desencontros, ciclos e fases que se misturam aos caminhos e escolhas que temos na vida.

Vidas Passadas é uma poesia sentimental, sem ser clichê.

Em uma volta no tempo, de 24 anos, conhecemos a jovem Nora (Moon Seung-ha), de 12 anos, ainda na Coreia do Sul e Hae Sung (Seung Min Yim), seu amigo de infância.

Num salto de doze anos, Moon (Greta Lee) por acaso, pela internet, acaba reencontrando Hae Sung (Teo Yoo), seu amigo de infância e primeiro amor,

O reencontro, é intenso e breve, Moon focada em ser destacar como escritora interrompe a relação virtual e num salto de mais 12 anos se reencontram novamente, porém num tempo fora de compasso, agora ela é casada com o norte-americano, e também escritor Arthur (John Magaro).

A abordagem de Song remete a um triângulo amoroso entre os personagens de Nora, Arthur e Sung, mas não é, o longa foca na seguinte perspectiva: “a de tudo o que poderíamos ter sido se tivéssemos feito escolhas diferentes”.

A protagonista é uma mulher que sabe muito bem quem é e o que quer, e toma todas as decisões que precisa para fazer acontecer o que deseja, o que visto por uns diria que as decisões dela subverte o destino, outras diriam que o destino dela é exatamente ser o que é, pois as coisas são como são.

Sung é o lado emocional, doce, idealista e melancólico, um personagem com muitas camadas.

Arthur surpreende, ele não é um obstáculo ao destino do possível casal. A delicadeza com que ele trata a questão é sincera e admirável.

A relação de Moon e Sung é idealizada e por isso talvez nos pareça tão perfeita. Assim como eles, nunca saberemos.

Uma filosofia que vem do budismo, é a de que há uma conexão que une duas pessoas ao longo de suas muitas vidas e defende que as pessoas que já tiveram algum tipo de relação estarão sempre ligadas em suas muitas encarnações.

Celine Song estabelece uma profundidade intensa e real para esse relacionamento vivido no imaginário ao longo dos anos.

A fotografia valoriza muito o longa e transforma as ruas e paisagens de Seul e Nova Iorque em personagens à parte. A trilha sonora enriquece as ambientações.

Vidas Passadas é sensível, de uma profundidade singular, não determina respostas, e propõe muitas perguntas, com uma imensa sensibilidade.

Uma poesia para os olhos, a mente e o coração.