Golda – A Mulher de uma Nação/2023

Golda – A Mulher de uma Nação (Golda – Reino Unido/EUA, 2023) – Direção: Guy Nattiv

Dirigido por Guy Nattiv “Golda” é a cinebiografia de uma personagem que se confunde com a própria história de Israel: Golda Meir (Helen Mirren), uma das fundadoras do Estado judaico e primeira-ministra, por cinco anos.

Golda esteve à frente do Estado durante um dos seus episódios mais trágicos, conhecido como a Guerra do Yom Kipur, ocorrida em 1973, quando tropas do Egito e da Síria atacaram o país, que lutava para ser reconhecido. Além de ser uma das criadoras do próprio estado, se destacou politicamente por mais de 30 anos.

Acompanhamos, assim, sua atuação firme e intensa nos bastidores. A narrativa de Golda é enquadrada pelo testemunho da Primeira Ministra perante a Comissão Agranat, que investigava as razões pelas quais o exército israelense foi pego de surpresa por ataques do Egito e da Síria, que deram início à Guerra do Yom Kippur.

Meir, no dia anterior, teria recebido um relatório da inteligência que garantia a iminência do ataque e a Primeira Ministra, considerando o custo político de atacar primeiro, decidiu tomar medidas preventivas tímidas. Como a história mostrou, a surpresa teve um enorme custo humano para Israel e para a posição política de Meir.

‘Golda’ tem momentos de brilhante tensão cinematográfica, mas se perde em uma narrativa simplificada que desperdiça a chance de focar num debate sobre diáspora e sobre a luta de um povo por espaço e identidade. 

Pelo complicado contexto histórico, em questão, poderia ser um filme provocativo, ousado, questionador.

Mas Golda tem os seus méritos: a história é boa, o ritmo é interessante e Helen Mirren está maravilhiosa, como sempre.

A moldura audiovisual é pensada milimetricamente, tanto nos momentos onde a guerra precisa invadir a imagem, quanto no pesadelo que Golda tem, onde os telefones tocam sem parar e ela atende a todos, aí imagem e som caminham em conjunto para entregar uma experiência quase sensorial para evocar horror.

Um dos pontos positivos é o jogo político em vermos toda a sagacidade da Primeira-Ministra em negociar com os Estados Unidos e fazer com que o resultado final fosse bom para todos é incrível. Algo digno de uma líder humana que falha, mas que também consegue criar a paz usando o poder.

É um filme interessante, sobre um momento histórico importante, principalmente no contexto histórico atual e que vale a pena conhecer.