CRÍTICA – MARATONA OSCAR 2024 – Rustin (2024)

Rustin (2024- EUA – ) Dirigido por George C. Wolfe

“Rustin” é um drama histórico e biográfico que retrata a luta do ativista pelos direitos civis afro americanos Bayard Rustin (Colman Domingo). 

 que organizou o maior protesto pacífico que a história já viu: a mobilização de Washington, que ocorreu em agosto de 1963, e reuniu mais de 250.000 pessoas contra a segregação racial dos Estados Unidos.

A luta dos negros, para fazer dos Estados Unidos um lugar melhor para o povo preto, tem muitos rostos e representantes icônicos como Martin Luther King Jr, Malcolm X, Rosa Parks, Angela Davis.

Bayard Rustin lutou ao lado de diversas figuras antirracistas importantes, como o seu amigo Martin Luther King. Entretanto, Bayard não costuma ser lembrado por seus feitos e sua luta, razão para isso? Bayard Rustin era gay.

E mesmo sendo um dos principais nomes envolvidos com King, isso não impede que ele seja vítima de homofobia, inclusive perante seus aliados no combate ao racismo.

Por ser um homossexual assumido, Bayard sofreu repressão tanto de seus adversários, quanto de seus aliados de causa. Em Rustin, o vemos enfrentar a tudo e a todos com determinação.

Ele desafiou as autoridades e nunca se desculpou por sua identidade, por seus ideais ou por quem desejava, e não recuou. Fez história, mas também foi esquecido por ela.

O roteiro de Rustin fala de uma batalha travada há muitas décadas, uma guerra eterna contra a ignorância e o preconceito que se mantém muito atual. O longa busca reivindicar e celebrar Bayard Rustin, resgatando-o da obscuridade histórica. 

O enfoque no processo e não na passeata em si foi um grande acerto pois, de forma sutil, consegue mostrar o quão importante foi todo o jogo de bastidores, além das dificuldades impostas e do fogo cruzado que existia por conta de egos e uma política de submissão.

Bayard Rustin é um personagem fantástico, o ativista se destaca em qualquer ambiente que se vê inserido, não baixa a cabeça, enfrentando de peito aberto. Rustin se nega a se calar, é determinado e com uma  confiança inabalável

Apesar de ser um filme necessário para escancarar obviedades estupidamente negadas e silenciadas, “Rustin” enfrenta desafios narrativos que impedem um aprofundamento de sua rica vida, mas a seu favor consegue capturar a atmosfera da época, com uma bela fotografia com imagens dos protestos e tensões raciais.

Rustin vale pelo valor histórico e pela necessária reflexão sobre o ativismo, a igualdade e a persistência na busca pela justiça.

A atuação de Domingo é brilhante, hipnotiza, e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Sua atuação, por si só, já valeria a pena.

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